O novo sindicalismo do Século 21 (fortalecer a democracia, social e sindical.)
Os anos de
O Brasil vivia o período da ditadura militar e os trabalhadores estavam em luta pela abertura política e pela redemocratização do país. Foi nesse contexto que re-surgiu no movimento sindical à proposta de criação de uma Central Sindical de abrangência Nacional organizada fora da estrutura sindical oficial do estado e sem previsão nas leis da ditadura militar.
O grande momento neste período foi o da Conclat e da fundação da CUT - Central Única dos Trabalhadores e da CGT – Central Geral dos Trabalhadores. Desta forma o movimento sindical progressista e democrático se polarizou em duas alternativas, uma conduzida pelas Confederações e Federações oficiais (CGT) e outra, conduzida pela proposta de um novo sindicalismo democrático classista, atuando de forma horizontal e defendendo a liberdade e autonomia sindical e o fim do imposto sindical (CUT).
O dois movimentos se opunham a Ditadura, mas tinham objetivos diferentes, para além da redemocratização do Brasil. A partir daí se travaram batalhas fantásticas que culminaram na eleição da Assembléia Nacional Constituinte. As duas visões se bateram na constituinte e se mesclaram, e desta forma embora os princípios como a não intervenção do Estado nos Sindicatos, e a liberdade de criação de entidades sindicais prevalecessem, por outro lado a estrutura oficial da CLT foi mantida e foram mantidos o imposto sindical e a unicidade sindical e as Centrais Sindicais não foram reconhecidas.
Mesmo assim, o movimento sindical após a constituinte se fortalecem, de forma que mesmo sem previsão legal para sua existência as centrais sindicais se consolidaram, sendo que a CUT foi a que iniciou este processo e mais ousou construindo uma rede de oposições sindicais e criando sindicatos em vários setores notadamente no serviço publico. Várias formas lutas gerais foram travadas, e a atuação dos trabalhadores e de seus sindicatos potencializados pelas centrais, alcançou influencia institucional com a eleição de parlamentares nos níveis municipais, estaduais, incluindo Deputados Federais e Senadores, chegando à eleição do Presidente Lula, que teve seu berço nas lutas pela democratização no período final da Ditadura Militar.
Este foi o inicio processo de constituição das Centrais Sindicais, posteriormente a Força Sindical se estruturou de forma forte a ponto de ser hoje a segunda Central em representação, depois outras Centrais se organizaram. Agora poderemos viver momentos de grandes mudanças no patamar de participação dos trabalhadores, tivemos finalmente a legalização das Centrais Sindicais, temos os meios eletrônicos de telecomunicações e organizacionais e passamos a representar efetivamente os trabalhadores inclusive os não sindicalizados em questões gerais como nas negociações do salário mínimo e da tabela de IR, aposentadoria, nas questões de moradia, educação e saúde, participamos de todas as instancias de governo assim como nos conselhos de estado mais importantes da Republica.
Por outro lado as formas de ação política e sindicai permanecem antigas e não conseguimos aproximar os jovens e as grandes massas dos trabalhadores das entidades sindicais, atuamos de forma conservadora e temos um percentual de sindicalização muito baixo, mesmo entre os trabalhadores urbanos e formalizados, via de regra, os sindicatos mais organizados têm inclusive programas de radio, jornais e boletins, mas isto só não basta. Atuamos quase sempre nas portas (fora) da empresas e temos poucas organizações dentro dos locais de trabalho.
Devemos então iniciar uma nova faze no movimento sindical, lutamos e continuaremos lutando por organizações por local de trabalho pela inclusão social, mas temos que agregar o conceito de INCLUSÃO SINDICAL, devemos também buscar formas modernas e efetivas de representar sindicalmente os milhões de trabalhadores que atuam na formalidade e na informalidade, pois estes não têm sequer qualquer representação.
Segundo dados da PNAD mais de 34% da força de trabalho ocupada do país é informal o que representa mais de 28 milhões de trabalhadores, no caso do setor formal para se ter uma idéia segundo os dados do censo do MTE a CUT que é a maior Central sindical representa através de seus sindicatos de base 4.525.096 trabalhadores e destes apenas 39% são sindicalizados, devemos então buscar formas de ação sindical inovadoras que mudem as bases da representação sindical e da participação de forma a possibilitar a inclusão sindical e social tanto nos locais de trabalho como nos locais de moradia.
Devemos, portanto agora falar de inovação institucional e sindical, em novos caminhos e canais de representação e de participação, em novas ferramentas de ação que mudem definitivamente os paradigmas da estrutura de representação sindical tanto urbana quanto rural, para que caminhemos efetivamente para uma estrutura classista e autônoma e permanente.
Devemos como qualquer entidade ou estrutura que tem visão da realidade e do futuro da sociedade, atuar de forma inventiva inovadora no sentido de usar os instrumentos das novas mídias, e procurar incluir e modernizar digitalmente os sindicatos, os trabalhadores e suas famílias, de forma a construir uma rede radical de participação ampla que use os novos meios de telecomunicações e digitais não deixando somente para as redes de comunicação como Globo (Big Broder), e para as igrejas a relação direta com os milhões de brasileiros.
Esta questão é importante do ponto de vista de modernização e democratização das entidades sindicais, sendo que o papel fundamental é das Centrais sindicais, pois elas, por serem livres na sua organização, foram criadas fora da estrutura da CLT, e deve articular esta mudança de costumes, aproximando cada vez mais os trabalhadores urbanos e rurais, formais e informais do movimento sindical, proporcionando desta forma uma verdadeira inclusão sindical.
No caso dos trabalhadores Informais as filiações deveriam ser feitas diretamente na Central sindical, criando assim os departamentos sindicais específicos e trazendo para o mundo sindical mais de 28 milhões de trabalhadores que estão fora do modelo da CLT do campo e da cidade.
Já no caso dos sindicatos formais a criação de uma ficha da Central de filiação e um banco de dados único dos filiados de todos os sindicatos possibilitaria uma ação permanente das Centrais junto aos trabalhadores e seus familiares nos locais de moradia e de trabalho, criando formas novas de ação conjuntas e formalizando definitivamente a ação sindical livre principalmente entre os desempregados no momento de desemprego.
Como diria um companheiro antigo “ousar lutar, ousar vencer” desta forma as Centrais Sindicais devem ser necessariamente as construtoras destas novas diretivas de relações sindicais, que incluam o movimento sindical no mundo moderno, e que crie condições via as novas mídias eletrônicas de forma a aproximar os trabalhadores de suas entidades de classe. Desta forma, defendo alguns pontos básicos no sentido de usar a institucionalidade existente hoje para construir e radicalizar a democracia nas organizações sindicais, no rumo da democracia direta com a criação de uma ampla rede de participação e ação sindical, defendemos o seguinte programa de ação:
1. Estabelecer uma ficha de sindicalização padrão dos sindicatos e da Central sindical, de forma a filiar os trabalhadores inclusive os informais, não só no sindicato, mas também diretamente nas centrais Sindicais.
2. Organizar via rede de internet uma política de inclusão digital de forma a que todo o sindicalizado tenha e-mail e criar condições para financiar computadores e celulares para todos os filiados e passar a gerar conteúdos para estes meios.
3. Criar o cadastro dos trabalhadores representados pelas Centrais Sindicais, com informações detalhadas das bases de representação dos trabalhadores, sindicalizados e não sindicalizados, garantindo assim a representação real dos trabalhadores via Central Sindical e Sindicatos de Base.
4. Criar um programa de modernização administrativa e tecnológica para todos os sindicatos a ser financiados pelos fundos públicos.
5. Implantar nos sindicatos estruturas de tele centros e salas de tele conferências de forma a criar um espaço de participação cultural e política via WEB e formação à distancia.
6. Criar os canais via SMS/Celular e de TV-IP e Radio IP via internet de forma a modernizar a comunicação.
7. Utilizar as redes dos mais de 36.000 tele centros aos milhares de Law Houses implantados nos últimos anos pelo governo Lula para se relacionar com os trabalhadores e incluir os trabalhadores e seus familiares via internet.
8. Criar listas de discussões e grupos de interesse de forma a realizar mobilizações, ações de mobilizações e formação sindical.
9. Gerar conteúdos de Educação a distancia EAD para formação profissional e sindical ligado as Centrais de forma a possibilitar a ampla formação de milhões de trabalhadores.
Devemos dar um choque de tecnologia e transparência, modernidade e democracia direta nos sindicatos de forma a atuar nos próximos anos sob a lógica de sindicatos efetivamente livres e das organizações autônomas, buscando inclusive novas formas de autofinanciamento das estruturas sindicais, isto sem perder de vista os princípios básicos de qualquer instituição democrática que é a sua legitimidade democrática, a sua representatividade social e a sua legalidade, devemos e, portanto agora buscar uma proposta que rompa a dicotomia entre estarmos baseados na estrutura oficial antiga não livre e ousar construir no presente o Sindicalismo livre e democrático do século 21.
Radicalizar a Democracia “QUEREMOS UM CIDADÃO TRABALHADOR INCLUIDO SOCIAL, DIGITAL E SINDICALMENTE” Inclusão Sindical já.
Assinam este Texto:
Wilmar Gomes dos Santos – Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores nas Industrias da Construção Pesada e do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada de São Paulo.
Eduardo Armond Cortes de Araujo – Ex-Dirigente da CUT-MG e Nacional e Representante da CUT-MG no Conselho de Ciência e Tecnologia de MG.
muito bom
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