O GRUPO DO BILHÃO.
Introdução
Estamos avaliando
agora as informações do grupo seleto de empresas Construtoras no ano de 2012,
as informações foram prestadas por elas mesmas e se encontram disponíveis na
Revista Exame “Melhores e Maiores de 2013, As 1000 maiores empresas do Brasil”
resalvamos que estamos avaliando somente as empresas construtoras, desta forma
as empresas do setor de construção relacionadas com a produção de insumos para
construção não vão ser incluídas neste grupo de analise. Resalvamos também que
a analise se restringe aquelas empresas que faturaram mais de R$ 1 bilhão de
reais em 2012, e que se encontram no grupo das 500 maiores empresas do Brasil
considerado todos os setores econômicos.
Avaliação Geral do Setor.
O ano de 2012 foi
marcado economicamente pela retração econômica na Europa e Estados Unidos e por
um baixo crescimento do PIB no Brasil, apesar disto os indicadores de emprego
formal e de aumento da renda continuaram presentes e com destaque para o baixo
índice de desemprego, a construção representou
5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Em 2011, o setor possuía cerca de
7,8 milhões de ocupados, representando 8,4% de toda a população ocupada do
país. Esta expansão de emprego continuou em 2012 e foi motivada pelo aumento
dos investimentos públicos em obras de infraestrutura e em unidades
habitacionais (Minha casa Minha Vida).
A
atividade na construção é dividida por segmentos: residencial ou de
edificações, comerciais ou de empreendimentos; da construção pesada ou de
infraestrutura, montagem industrial e serviços especializados para construção entre
outros – que representam um faturamento anual de R$ 180 bilhões. O predomínio
do setor da construção civil residencial é de pequenas obras são de construtoras
de pequeno porte. Segundo estudo do Dieese, das 195 mil empresas em atividade
formal no país até 2011 (último dado disponível), 97,6% tinham menos de cem
funcionários, 94,8% empregavam até 50 pessoas, 77,2% não passavam de 10
funcionários e somente 0,3% tinham mais de 500 empregados. O setor da
construção representou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Em 2011, o
setor possuía cerca de 7,8 milhões de ocupados, representando 8,4% de toda a
população ocupada do país. Já o segmento da construção pesada, o predomínio é
de empresas incorporadoras ou multinacionais brasileiras, que tem inclusive atuação
internacional, mas quando analisados o faturamento e o numero de trabalhadores
das 20 maiores empresas do Grupo do Bilhão vemos o quanto é significativo este
setor.
O Grupo do Bilhão que
aqui analisamos é formada pelas 20 empresas construtoras que faturaram em 2012
mais de 1 bilhão de reais em 2012. Destacamos que o conjunto do faturamento destas
empresas alcançou em 2012 mais de R$ 54 Bilhões, significando 30% dos
faturamento total do setor da construção, ou seja apenas 20 tem uma média de
faturamento de R$ 2.7 bi sendo que este
conjunto pagou salários e encargos mais de R$ 19 bilhões, para um total 288.401
trabalhadores diretos contratados nestas empresas com carteira assinada, com
uma com média Salarial e Encargos de R$ 5.067,73 ao mês, desta forma não
estamos analisando o conjunto da construção mas apenas o que chamamos desde
2011 de Grupo do Bilhão.
Segundo um grande
empresário do setor da Construção quando lhe pediram para definir o termo
Empreiteiro, ele deu a seguinte definição “empreiteiro segundo a definição
histórica, é aquele homem que conseguiu convencer o Faraó a empilhar milhões de
pedras em pleno deserto, e com isto fez as pirâmides” esta definição tem em si
um significado importante, não se trata de pequenas obras, ou de obras privadas,
ou de recursos privados, ou de livre iniciativa, estamos tratando no Grupo do
Bilhão de Grandes Obras de Recursos públicos e de iniciativa publica e muita
influencia política junto ao “Faraó”, em
2012 o setor seguiu mantendo uma taxa de crescimento superior à do país, de
1,4%, contra 0,9% de crescimento do PIB nacional.
E claro que existem
outras dezenas de grandes empresas construtoras que atuam neste setor de
infraestrutura e que faturam menos de R$ 1 bilhão de reais, mas nos
concentramos nesta marca como forma de ver o nível de concentração do setor, e
neste sentido as 20 empresas que significam 0,01% do total das 195.000 empresas
construtoras no Brasil, ficaram com 30% do faturamento total em 2012 do setor,
sendo esta concentração digna de analise.
A
relação entre o PIB da construção em geral e o PIB do Brasil passou de 15,3%,
em 2003, para 19,1%, em 2008, mantendo-se nesse patamar até 2011, quando
registrou 19,3%. Já em 2012, teve queda e passou a representar 18,1 % do PIB do
Brasil. A participação do investimento da construção (FBCFcc) no total de
investimentos produtivos do país (FBCFcc/FBCF) passou de 36,3% em 2008, para
43,8% em 2012, indicando a evolução dos investimentos do país destinados à
construção segundo analise do Dieese.
Das
50 maiores obras de infraestrutura e energia do mundo, 14 estão no Brasil, com
recursos que somam R$ 250 bilhões, destinados à transposição do rio São
Francisco; a ferrovia Transnordestina, à construção da usina nuclear de Angra
3; ao rodoanel de São Paulo, às usinas hidrelétricas do Teles Pires, Belo
Monte, Baixo Iguaçu, e São Luiz de Tapajós, ao Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro, de Suape em Pernambuco, as plantas industriais em Três Lagoas MTS, às
plataformas para a produção de petróleo do pré-sal, às obras de estádios e de
acessibilidade para a Copa do Mundo de 2014 e às obras de saneamento que
começam a melhorar muitas cidades brasileiras, e o projeto Minha Casa Minha
Vida em todo o Pais o Pib da construção significou 18,1% em relação ao Pib
Geral do Brasil em 2012 e o numero de trabalhadores significou 8,5% dos
trabalhadores segundo o IBGE..
Desta
forma passaremos a analise do cruzamento das informações do Grupo do Bilhão e
seu desempenho em 2012.
As Grandes empreiteiras em 2012.
Quando
comparamos o Grupo do Bilhão de 2012 com o grupo do bilhão em 2011 vemos
algumas questões gerais, em 2011 apenas 15 empresa estavam neste grupo, quando
em 2012 elas são 20 empresas, isto significa um aumento do faturamento geral no
setor pois o total de faturamento do grupo em 2011 foi de R$ 38 bilhões de
reais, enquanto em 2012 atingiu R$ 54 bilhões de Reais significando uma aumento
de 42% no faturamento deste grupo.

Em
2011 estavam entre as 15 empresas do grupo a seguintes empresas, Construtora Odebrecht, Camargo Correia, Andrade Gutierres, Queiroz
Galvão, Construtora OAS, Delta Construção, MRV Engenharia, Engevix, Mendes
Junior, ARG, UTC, Construcap, Alusa, Brookfield e Gafisa, e em 2012 este grupo
se ampliou com 20 empresas, Construtora Odebrecht, Camargo Correia, Andrade
Gutierres, Construtora OAS, Queiroz Galvão, Saint-Gobain, Galvão, UTC, MRV
Engenharia, ARG, CCB, Delta Construção, Construcap, EGESA, VIA ENGENHARIA, Mendes
Junior, Engevix, Gafisa, Alusa, CNO e Barbosa Melllo, do grupo anterior apenas
a Brookfield saiu do Grupo em 2012 sendo que o numero de trabalhadores contratados
por estas empresas cresceu em torno de 10% passando de 288.401 para 319.865,
verificamos desta forma, que enquanto o faturamento do grupo cresceu 43% o
numero de trabalhadores cresceu 10% o que pode significar uma maior
terceirização ou subcontratação do trabalho.

Quando analisamos
outros indicadores e cruzamos 2011 com 2012 vemos uma grande queda do lucro
total das 20 empresas, mas neste caso merece nota o fato de as empresa Delta, Engevix,
Gafisa e Alusa terem declarado um prejuízo total de R$ 611 milhões isto
significa um percentual de 8,7% dos lucro declarado pelo grupo no ano de 2011,
mas mesmo assim não explica a queda nos
lucros totais na medida inclusive do aumento do Faturamento do grupo em 43%,
pois se compararmos o lucro total do grupo em 2011 com o lucro de 2012 temos um
queda de
R$ 7.034,50 bilhões de lucro em 2012 para R$ 2.987,46 bilhões de Lucro em 2012, ou
seja uma queda de 57% nos lucros do Grupo do Bilhão.

Para vermos algumas
possibilidades para justificar a queda dos lucros enorme de 2011 em relação a
2012, vemos no sentido contrário uma elevação do pagamento de salários mais
encargos que saltou R$ 11.686,62 bilhões em 2011 para R$ 19.111,70 Bilhões em
2012 significando um aumento da ordem de 63%, se considerarmos que o aumento do
numero de trabalhadores do grupo foi de 10% poderemos dizer que houve realmente
um grande impacto nos salários e nos encargos pagos sobre os salários no
balanço do Grupo do Bilhão.

Para ver melhor este
dado devemos comparar o salário médio pago pelo grupo em 2011 com o de 2012 e
ai veremos que em 2011 o grupo pagou um salário médio + encargos de R$ 2.026,11 e em 2012 foi de R$ 2.987,46,
ou seja um aumento no salário médio da ordem de 47% o que ajuda a explicar a
queda dos lucros em torno de 50%, este aumento é resultado direto das lutas dos
trabalhadores e do momento em que o setor passa com praticamente pleno emprego.

A queda das margens
de lucro não deve assustar o setor pois em 2011 varias empresas do grupo do
bilhão chegaram a declarar a Exame lucros exorbitantes da ordem de até 50%
sendo que a media geral dos lucros do grupo foi de 19%, já agora em 2012
nenhuma empresa ultrapassou lucros acima de 25% sobre o faturamento, sendo a
media de lucros foi de 8%, ou seja o aumento das medias salariais e as
melhorias das condições de trabalho nas obras estão domando o capitalismo
selvagem nas grandes obras de infraestrutura. Nos anos de 2012 pela primeira
vez o grupo de despesas salário mais encargos ultrapassou 50% sobre o
faturamento nas empresas do grupo do Bilhão, voltamos a resaltar que estes
números são declarados pelas próprias empresas a Revista Exame.

Por outro lado devemos
analisar os gráficos de 2011 e 2012 veremos a seguinte constatação, os valores
que efetivamente cresceram foram, o de salários mais encargos, o lucro das
empresas veio para um patamar civilizado, pois estava em media em torno de 18%
e passou a media de 8% do grupo, os gastos com impostos subiram de 9% para 16%
o que também é um dado significativo tendo em vista podemos dizer que o setor
de grandes obras notadamente infraestrutura e óleo e gás não se beneficiaram
das desonerações anunciadas pelo governo, e finalmente a riqueza efetivamente
criada pelas obras caiu de 44% para 23% do valor declarado, isto significa um
dado preocupante, apesar que podemos ter o casos de obras que não finalizaram
neste ano de 2012 e que não foram registradas no período de 2012.
Vamos agora comparar
os gráficos de gastos do Grupo do Bilhão de 2011 e 2012.

Precisamos analisar
os dados relativos a riqueza criada para identificarmos a questão da
produtividade do grupo de empresas, mas não temos como como evoluiu nesta
questão no grupo, podemos dizer que estes dados são completamente distorcidos
pois na maior parte as empresas, o numero de trabalhadores esta distorcido para
menos, pois não são considerados os subcontratados e os terceirizados, além de
não se considerar a rotatividade da mão de obra. Desta forma não podemos
comparar estes dados das empresas do grupo em 2011 para 2012. Mas podemos
analisar esta própria distorção levantada aqui, comparando dados por empresa e
vendo como se dá a política de RH.
Cada empresa com os
gráficos comparativos para analise de forma uma a uma isoladamente, neste
sentido no faturamento vemos a campeã do grupo do bilhão é novamente a
Odebrecht com a marca de R$ 9 bilhões em faturamento quase R$ 1 bilhão a mais
que no ano de 2011, vemos também no caso da Odebrecht que é a campeã em numero
de trabalhadores com 127.056 trabalhadores declarados em 2012. Já em segundo
lugar vemos que a Camargo Correa e as demais empresas embora tenham numero de
faturamento proporcionalmente menores que a Odebrecht, no caso da Camargo a
segunda colocada com R$ 4,9% bilhões em faturamento ou seja 53% menor. A
Camargo declara ter um numero de trabalhadores de 17.203, ou seja 13,5% do
numero de trabalhadores da Odebrecht, e quando vemos o caso dos salários mais
encargos declarados pela Camargo Correa R$ 2.083,57 bilhões se comparado com a Odebrecht
R$ 7.991,35 bilhões vemos uma diferença de 23% do declarado pela Odebrecht. Ai
eu pergunto será que a Camargo Correa e varias outras tem uma produtividade tão
grande assim 33% maior que Odebrecht, se considerarmos a proporção do faturamento
das duas empresas. E para confirmar o caso vemos o caso da OAS com um
faturamento de R$ 3.816,30 Bilhões declara um numero de trabalhadores de 66.504
ou seja 60% menor no faturamento e em relação ao numero de funcionários em
relação a Odebrecht de 52% ou seja mais proporcional. Afinal quem estará certo
a Odebrecht e a OAS ou todas as demais que claramente subcontratam e
terceirizam, fica evidente que a política de subcontratação e de terceirizações
feitas pela maioria das empresas, recolhem menos impostos e distorce as
avaliações sobre produtividade destas empresas afinal se os dados estão
corretos a Odebrecht e a OAS esta duas campeãs teriam uma produtividade media em
torno de 30% menor que as demais se compararmos a Odebrecht com a Alusa ou a
MRV veremos uma produtividade mais distorcida em até de 50% maior a Alusa em
relação a Odebrecht e a OAS. O fato é que esta distorção já aparecia nos dados
dos últimos três anos. Ou a Odebrecht e a OAS terceirizam e subcontratam bem
menos que as demais ou estas duas primeiras tem uma produtividade muito menor
que todas as demais e desta forma as informações não são passiveis de
reconhecimento para um comparação enquanto Grupo do Bilhão, a analise será
feita mais adiante comparando empresa por empresa.
Vejam os Gráficos abaixo que dão pistas
para uma avaliação.


Eduardo Armond
Assessoria da Fenatracop
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