quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Clube do Bilhão 2012


O GRUPO  DO  BILHÃO.

 

 

Introdução

 

Estamos avaliando agora as informações do grupo seleto de empresas Construtoras no ano de 2012, as informações foram prestadas por elas mesmas e se encontram disponíveis na Revista Exame “Melhores e Maiores de 2013, As 1000 maiores empresas do Brasil” resalvamos que estamos avaliando somente as empresas construtoras, desta forma as empresas do setor de construção relacionadas com a produção de insumos para construção não vão ser incluídas neste grupo de analise. Resalvamos também que a analise se restringe aquelas empresas que faturaram mais de R$ 1 bilhão de reais em 2012, e que se encontram no grupo das 500 maiores empresas do Brasil considerado todos os setores econômicos.

Avaliação Geral do Setor.

O ano de 2012 foi marcado economicamente pela retração econômica na Europa e Estados Unidos e por um baixo crescimento do PIB no Brasil, apesar disto os indicadores de emprego formal e de aumento da renda continuaram presentes e com destaque para o baixo índice de desemprego, a construção representou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Em 2011, o setor possuía cerca de 7,8 milhões de ocupados, representando 8,4% de toda a população ocupada do país. Esta expansão de emprego continuou em 2012 e foi motivada pelo aumento dos investimentos públicos em obras de infraestrutura e em unidades habitacionais (Minha casa Minha Vida).

A atividade na construção é dividida por segmentos: residencial ou de edificações, comerciais ou de empreendimentos; da construção pesada ou de infraestrutura, montagem industrial e serviços especializados para construção entre outros – que representam um faturamento anual de R$ 180 bilhões. O predomínio do setor da construção civil residencial é de pequenas obras são de construtoras de pequeno porte. Segundo estudo do Dieese, das 195 mil empresas em atividade formal no país até 2011 (último dado disponível), 97,6% tinham menos de cem funcionários, 94,8% empregavam até 50 pessoas, 77,2% não passavam de 10 funcionários e somente 0,3% tinham mais de 500 empregados. O setor da construção representou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. Em 2011, o setor possuía cerca de 7,8 milhões de ocupados, representando 8,4% de toda a população ocupada do país. Já o segmento da construção pesada, o predomínio é de empresas incorporadoras ou multinacionais brasileiras, que tem inclusive atuação internacional, mas quando analisados o faturamento e o numero de trabalhadores das 20 maiores empresas do Grupo do Bilhão vemos o quanto é significativo este setor.

O Grupo do Bilhão que aqui analisamos é formada pelas 20 empresas construtoras que faturaram em 2012 mais de 1 bilhão de reais em 2012. Destacamos que o conjunto do faturamento destas empresas alcançou em 2012 mais de R$ 54 Bilhões, significando 30% dos faturamento total do setor da construção, ou seja apenas 20 tem uma média de faturamento de R$ 2.7 bi  sendo que este conjunto pagou salários e encargos mais de R$ 19 bilhões, para um total 288.401 trabalhadores diretos contratados nestas empresas com carteira assinada, com uma com média Salarial e Encargos de R$ 5.067,73 ao mês, desta forma não estamos analisando o conjunto da construção mas apenas o que chamamos desde 2011 de Grupo do Bilhão.

Segundo um grande empresário do setor da Construção quando lhe pediram para definir o termo Empreiteiro, ele deu a seguinte definição “empreiteiro segundo a definição histórica, é aquele homem que conseguiu convencer o Faraó a empilhar milhões de pedras em pleno deserto, e com isto fez as pirâmides” esta definição tem em si um significado importante, não se trata de pequenas obras, ou de obras privadas, ou de recursos privados, ou de livre iniciativa, estamos tratando no Grupo do Bilhão de Grandes Obras de Recursos públicos e de iniciativa publica e muita influencia política junto ao “Faraó”, em 2012 o setor seguiu mantendo uma taxa de crescimento superior à do país, de 1,4%, contra 0,9% de crescimento do PIB nacional.

E claro que existem outras dezenas de grandes empresas construtoras que atuam neste setor de infraestrutura e que faturam menos de R$ 1 bilhão de reais, mas nos concentramos nesta marca como forma de ver o nível de concentração do setor, e neste sentido as 20 empresas que significam 0,01% do total das 195.000 empresas construtoras no Brasil, ficaram com 30% do faturamento total em 2012 do setor, sendo esta concentração digna de analise.

A relação entre o PIB da construção em geral e o PIB do Brasil passou de 15,3%, em 2003, para 19,1%, em 2008, mantendo-se nesse patamar até 2011, quando registrou 19,3%. Já em 2012, teve queda e passou a representar 18,1 % do PIB do Brasil. A participação do investimento da construção (FBCFcc) no total de investimentos produtivos do país (FBCFcc/FBCF) passou de 36,3% em 2008, para 43,8% em 2012, indicando a evolução dos investimentos do país destinados à construção segundo analise do Dieese.

Das 50 maiores obras de infraestrutura e energia do mundo, 14 estão no Brasil, com recursos que somam R$ 250 bilhões, destinados à transposição do rio São Francisco; a ferrovia Transnordestina, à construção da usina nuclear de Angra 3; ao rodoanel de São Paulo, às usinas hidrelétricas do Teles Pires, Belo Monte, Baixo Iguaçu, e São Luiz de Tapajós, ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, de Suape em Pernambuco, as plantas industriais em Três Lagoas MTS, às plataformas para a produção de petróleo do pré-sal, às obras de estádios e de acessibilidade para a Copa do Mundo de 2014 e às obras de saneamento que começam a melhorar muitas cidades brasileiras, e o projeto Minha Casa Minha Vida em todo o Pais o Pib da construção significou 18,1% em relação ao Pib Geral do Brasil em 2012 e o numero de trabalhadores significou 8,5% dos trabalhadores segundo o IBGE..

Desta forma passaremos a analise do cruzamento das informações do Grupo do Bilhão e seu desempenho em 2012.

 

 

As Grandes empreiteiras em 2012.

Quando comparamos o Grupo do Bilhão de 2012 com o grupo do bilhão em 2011 vemos algumas questões gerais, em 2011 apenas 15 empresa estavam neste grupo, quando em 2012 elas são 20 empresas, isto significa um aumento do faturamento geral no setor pois o total de faturamento do grupo em 2011 foi de R$ 38 bilhões de reais, enquanto em 2012 atingiu R$ 54 bilhões de Reais significando uma aumento de 42% no faturamento deste grupo.


Em 2011 estavam entre as 15 empresas do grupo a seguintes empresas, Construtora Odebrecht, Camargo Correia, Andrade Gutierres, Queiroz Galvão, Construtora OAS, Delta Construção, MRV Engenharia, Engevix, Mendes Junior, ARG, UTC, Construcap, Alusa, Brookfield e Gafisa, e em 2012 este grupo se ampliou com 20 empresas, Construtora Odebrecht, Camargo Correia, Andrade Gutierres, Construtora OAS, Queiroz Galvão, Saint-Gobain, Galvão, UTC, MRV Engenharia, ARG, CCB, Delta Construção, Construcap, EGESA, VIA ENGENHARIA, Mendes Junior, Engevix, Gafisa, Alusa, CNO e Barbosa Melllo, do grupo anterior apenas a Brookfield saiu do Grupo em 2012 sendo que o numero de trabalhadores contratados por estas empresas cresceu em torno de 10% passando de 288.401 para 319.865, verificamos desta forma, que enquanto o faturamento do grupo cresceu 43% o numero de trabalhadores cresceu 10% o que pode significar uma maior terceirização ou subcontratação do trabalho.


Quando analisamos outros indicadores e cruzamos 2011 com 2012 vemos uma grande queda do lucro total das 20 empresas, mas neste caso merece nota o fato de as empresa Delta, Engevix, Gafisa e Alusa terem declarado um prejuízo total de R$ 611 milhões isto significa um percentual de 8,7% dos lucro declarado pelo grupo no ano de 2011, mas mesmo assim não explica a queda  nos lucros totais na medida inclusive do aumento do Faturamento do grupo em 43%, pois se compararmos o lucro total do grupo em 2011 com o lucro de 2012 temos um queda de  R$ 7.034,50 bilhões de lucro em 2012 para   R$ 2.987,46 bilhões de Lucro em 2012, ou seja uma queda de 57% nos lucros do Grupo do Bilhão.


Para vermos algumas possibilidades para justificar a queda dos lucros enorme de 2011 em relação a 2012, vemos no sentido contrário uma elevação do pagamento de salários mais encargos que saltou R$ 11.686,62 bilhões em 2011 para R$ 19.111,70 Bilhões em 2012 significando um aumento da ordem de 63%, se considerarmos que o aumento do numero de trabalhadores do grupo foi de 10% poderemos dizer que houve realmente um grande impacto nos salários e nos encargos pagos sobre os salários no balanço do Grupo do Bilhão.


 

Para ver melhor este dado devemos comparar o salário médio pago pelo grupo em 2011 com o de 2012 e ai veremos que em 2011 o grupo pagou um salário médio + encargos de R$             2.026,11 e em 2012 foi de R$ 2.987,46, ou seja um aumento no salário médio da ordem de 47% o que ajuda a explicar a queda dos lucros em torno de 50%, este aumento é resultado direto das lutas dos trabalhadores e do momento em que o setor passa com praticamente pleno emprego.

 


A queda das margens de lucro não deve assustar o setor pois em 2011 varias empresas do grupo do bilhão chegaram a declarar a Exame lucros exorbitantes da ordem de até 50% sendo que a media geral dos lucros do grupo foi de 19%, já agora em 2012 nenhuma empresa ultrapassou lucros acima de 25% sobre o faturamento, sendo a media de lucros foi de 8%, ou seja o aumento das medias salariais e as melhorias das condições de trabalho nas obras estão domando o capitalismo selvagem nas grandes obras de infraestrutura. Nos anos de 2012 pela primeira vez o grupo de despesas salário mais encargos ultrapassou 50% sobre o faturamento nas empresas do grupo do Bilhão, voltamos a resaltar que estes números são declarados pelas próprias empresas a Revista Exame. 

 


Por outro lado devemos analisar os gráficos de 2011 e 2012 veremos a seguinte constatação, os valores que efetivamente cresceram foram, o de salários mais encargos, o lucro das empresas veio para um patamar civilizado, pois estava em media em torno de 18% e passou a media de 8% do grupo, os gastos com impostos subiram de 9% para 16% o que também é um dado significativo tendo em vista podemos dizer que o setor de grandes obras notadamente infraestrutura e óleo e gás não se beneficiaram das desonerações anunciadas pelo governo, e finalmente a riqueza efetivamente criada pelas obras caiu de 44% para 23% do valor declarado, isto significa um dado preocupante, apesar que podemos ter o casos de obras que não finalizaram neste ano de 2012 e que não foram registradas no período de 2012.

Vamos agora comparar os gráficos de gastos do Grupo do Bilhão de 2011 e 2012.

Precisamos analisar os dados relativos a riqueza criada para identificarmos a questão da produtividade do grupo de empresas, mas não temos como como evoluiu nesta questão no grupo, podemos dizer que estes dados são completamente distorcidos pois na maior parte as empresas, o numero de trabalhadores esta distorcido para menos, pois não são considerados os subcontratados e os terceirizados, além de não se considerar a rotatividade da mão de obra. Desta forma não podemos comparar estes dados das empresas do grupo em 2011 para 2012. Mas podemos analisar esta própria distorção levantada aqui, comparando dados por empresa e vendo como se dá a política de RH.

Cada empresa com os gráficos comparativos para analise de forma uma a uma isoladamente, neste sentido no faturamento vemos a campeã do grupo do bilhão é novamente a Odebrecht com a marca de R$ 9 bilhões em faturamento quase R$ 1 bilhão a mais que no ano de 2011, vemos também no caso da Odebrecht que é a campeã em numero de trabalhadores com 127.056 trabalhadores declarados em 2012. Já em segundo lugar vemos que a Camargo Correa e as demais empresas embora tenham numero de faturamento proporcionalmente menores que a Odebrecht, no caso da Camargo a segunda colocada com R$ 4,9% bilhões em faturamento ou seja 53% menor. A Camargo declara ter um numero de trabalhadores de 17.203, ou seja 13,5% do numero de trabalhadores da Odebrecht, e quando vemos o caso dos salários mais encargos declarados pela Camargo Correa R$  2.083,57 bilhões se comparado com a Odebrecht R$ 7.991,35 bilhões vemos uma diferença de 23% do declarado pela Odebrecht. Ai eu pergunto será que a Camargo Correa e varias outras tem uma produtividade tão grande assim 33% maior que  Odebrecht,  se considerarmos a proporção do faturamento das duas empresas. E para confirmar o caso vemos o caso da OAS com um faturamento de R$ 3.816,30 Bilhões declara um numero de trabalhadores de 66.504 ou seja 60% menor no faturamento e em relação ao numero de funcionários em relação a Odebrecht de 52% ou seja mais proporcional. Afinal quem estará certo a Odebrecht e a OAS ou todas as demais que claramente subcontratam e terceirizam, fica evidente que a política de subcontratação e de terceirizações feitas pela maioria das empresas, recolhem menos impostos e distorce as avaliações sobre produtividade destas empresas afinal se os dados estão corretos a Odebrecht e a OAS esta duas campeãs teriam uma produtividade media em torno de 30% menor que as demais se compararmos a Odebrecht com a Alusa ou a MRV veremos uma produtividade mais distorcida em até de 50% maior a Alusa em relação a Odebrecht e a OAS. O fato é que esta distorção já aparecia nos dados dos últimos três anos. Ou a Odebrecht e a OAS terceirizam e subcontratam bem menos que as demais ou estas duas primeiras tem uma produtividade muito menor que todas as demais e desta forma as informações não são passiveis de reconhecimento para um comparação enquanto Grupo do Bilhão, a analise será feita mais adiante comparando empresa por empresa. 

Vejam os Gráficos abaixo que dão pistas para uma avaliação.  



Eduardo Armond
Assessoria da Fenatracop

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